Por Jéferson Dantas
A Escola de Educação Básica Celso Ramos ocupou as páginas dos jornais da Grande Florianópolis de uma forma que nós, educadores e educadoras, não gostaríamos e não desejamos: seu processo acentuado de degradação e sucateamento. Estudantes e familiares se mobilizaram e os professores se negaram a lecionar nos últimos dias por total ausência de condições materiais e físicas. As crianças do 'Projeto Ambial', por exemplo, ficaram dois meses sem receber merenda do Estado.
Coincidência ou não, a Escola Celso Ramos, localizada no bairro Prainha, centro de Florianópolis e ao lado da Assembleia Legislativa, é uma das unidades de ensino associadas à Comissão de Educação do Fórum do Maciço do Morro da Cruz (CE/FMMC). O que tem ocorrido ultimamente é o fechamento de escolas pelo poder público que atendem diretamente crianças e jovens das comunidades do Maciço Central do Morro da Cruz. A Escola Antonieta de Barros fechou no final de 2006; a Escola Silveira de Souza fechou no final de 2009; e agora, esta situação lamentável, preocupante e de descaso com a Escola Celso Ramos. A atual gestão governamental em Santa Catarina está, literalmente, ocasionando um processo de inanição em tais unidades de ensino, ao ponto de cerrarem suas portas para quem mais precisa de educação.
Crianças e jovens em idade escolar têm direito à educação, à cultura e ao lazer. Ao retirar tais garantias constitucionais, o Estado comete um crime que não pode ficar impune. Nesta direção, o Ministério Público está sendo acionado por descaso do aparelho estatal. Tal indiferença será enfrentada a qualquer custo. Cada criança e jovem afastada da escola é uma potencialidade que se esvai. Em tal conjuntura, parece-nos que o Estado só e atuante quando precisa reprimir, ameaçar, torturar e matar. Um Estado que só lida com a repressão e se isenta de outras problemáticas estrututurais merece ser questionado e devidamente responsabilizado!